Flávio Damm registrou a “vida dos outros” em imagens que o tornaram uma referência do fotojornalismo brasileiro. As 80 fotografias em exibição foram selecionadas a partir de um arquivo pessoal de quase 60 mil negativos. Entre os trabalhos, em preto e branco, há fotos emblemáticas de sua trajetória profissional, iniciada em 1944, na Revista do Globo. Desde então, suas imagens estamparam publicações reconhecidas no Brasil, como o lendário O Cruzeiro, e no exterior, para as revistas Time e Life. Além de outras, nas quais é possível observar a poética de planos e paralelos que Damm capta de cenas cotidianas, com seu olhar perspicaz. A mostra está sendo realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, com o apoio do Governo do Paraná.
O conjunto apresenta uma série de fotografias que Damm intitula de “carros-chefe”, agregadas a peças novas. “É um trabalho resultante do dia-a-dia, visto que fotografo permanentemente. Somado, em especial, ao material que produzi na última viagem a Portugal –Lisboa e interior – e Paris. Esta é uma oportunidade de mostrar uma verdadeira retrospectiva do trabalho profissional que completo, ininterruptamente, por 64 anos de câmera na mão”, define o fotógrafo.
Trajetória
No ano passado, foi realizada uma exposição de Flávio Damm em Porto Alegre, no MARGS, para marcar os 80 anos de vida do fotógrafo. Na ocasião, o diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Cézar Prestes, registrou que trata-se de “uma extensa obra que traz em seu conjunto, como traço comum, o olhar inteligente, o humor perspicaz e a cultura da boa composição e da elegância”. Prestes analisa que, nas fotografias de Damm, “passado e futuro parecem emergir do suporte analógico e da película em preto e branco –duas escolhas que o fotógrafo fez ao início de sua carreira e às quais segue fiel até hoje”.
“Mas há outra característica marcante na obra de Flávio Damm: a presença daquela intimidade com o fotografado, que se dá de uma forma tão familiar que nos faz sentir parte do instante não vivido. E o interessante é como acontece essa lógica sensível: o fotógrafo afirma que não estabelece relações prévias com seus alvos fotográficos, chegando a dizer que faz sua aproximação como um gato e foge da cena como um rato, num exercício misto de paciência, discrição, agilidade e instito arguto. Ou numa comprovação do talento para captar o cotidiano em versões que levam o real para um terreno além da vida, no sentido de buscar a essência da vivacidade.”
MUSEU OSCAR NIEMEYER - Curitiba - até 20 de março de 2010
fonte: http://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/flaviodamm.html
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